sábado, 4 de junho de 2011

Através da Parede (por Oaken)



Meu coração já está batendo mais forte e mais rápido quando a porta se fecha atrás de mim. Encosto-me a ela e dou uma olhada no quarto vazio. Não queria estar aqui, definitivamente. Fecho os olhos e rapidamente sua imagem me vem à cabeça e, oh, minha respiração fica mais pesada. Sinto gotas de suor brotando por toda a minha pele. Levanto e começo a andar de um lado para o outro, lembrando-me de você, claro. Hoje você tinha me colocado contra a parede com seus olhos e lábios inquisidores, me deixando à mercê das minhas mentiras para poder lidar melhor com suas perguntas. Mais fácil assim, talvez. É até engraçado eu saber de tanta coisa que você faz e fingir que não me importo. Mais engraçado ainda é você fazer a mesma coisa.
Deixo-me cair sobre a cama e sinto o peso do meu corpo. Querendo sentir o peso do seu. No meio do meu conturbado silêncio eu ouço do seu quarto, seu corpo se movendo. Não sei o que você faz, nem se há alguém com você. Levanto-me quase automaticamente, provavelmente por instinto... Devo estar à beira da loucura, pois estou com o corpo colado à parede, eu quero ouvir mais, ter de você tudo o que eu posso através desta barreira. Meus dedos percorrem a superfície lisa, estou perdido em devaneios sobre a textura da sua pele. Mais suor, escorrendo do meu rosto e descendo pela minha camisa. A parede fica molhada ao meu toque. Eu de olhos fechados. Você do outro lado...

Fico fascinado pelo modo como as coisas mais banais que você faz têm um quê de sensualidade, inocentemente indecente. Não posso evitar minhas reações às suas atitudes, fica óbvio pela minha forma de te olhar quanto desejo arde dentro de mim. Me pego fazendo de tudo para te agradar, talvez como uma resposta aos seus estímulos. Eu me entrego de bom grado aos seus propósitos libidinosos, até digo o que gostaria que saísse da sua boca para, de alguma forma, me sentir dentro dela. Mas eu duvido que você saiba...
Os ruídos abafados vindos do seu quarto me fazem deslizar pela parede acompanhando seus movimentos. Eu morrendo de vontade de atravessá-la, querendo ser capaz de estar do outro lado. Eu me livro das peças que impedem o tato completo da minha pele, já completamente banhado pelo calor salgado que respinga de todos os meus poros. Sinto a parede mais próxima, você menos distante. Eu não consigo, é tão duro me segurar! Meu coração bate mais forte, arrepios percorrem minha pele fazendo com que eu me sinta gelado por dentro e flamejante por fora. Eu bagunço meus cabelos desesperadamente, pois meus sentidos te percebem soando e ressoando do outro lado à medida que meu corpo derrete à luz da lua.
Diga-me que sou tudo o que você quer e que eu não vou mais precisar esperar por nada esta noite! Eu não aceito um “não” como resposta. Posso me descontrolar a ponto de querer um escândalo.
Meus pés movem-se sozinhos e rapidamente. A minha porta deixa de ser uma barreira e eu fico diante da sua, sentindo você mais perto. Minha mão gira a maçaneta e meu coração quase sai pela boca quando eu vejo...




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