sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Seis


Por M. Corydon

          Na terra das Luzes e das ideias Renascentistas, uma história é contada há alguns séculos. Mesmo antes da peregrinação de Maria Madalena a caminho do solo Parisiense, os antigos Gauleses e posteriormente Francos já ouviram falar da história de um monstro. Essa história é sobre um monstro chamado “Seis”.  
          Apossei-me de uma mesa no Café Deux Magots. Un café s’il vous plaît, Um calafrio subiu-me dos pés à cabeça e logo, a imagem do monstro e toda a sua história vieram à tona. As mãos trêmulas e frias lembravam-me os momentos de ansiedade e tensão que sempre sinto antes de qualquer ato libidinoso. 
          O monstro não tem face definida. Ele assume três formas diferentes de mostrar o seu rosto. Ele possui três pares de pernas, seis pés, seis olhos, seis mãos. É deliciosamente assustador presenciar a aparição desse monstro. Há quem diga que o monstro possui configurações distintas, e assim, pode assumir vários comportamentos. É um monstro instável!
          Na configuração MMM, o monstro de seis pés de veludo e seis mãos de seda africana assume um papel mais elegante e o seu ataque é mais romântico, digamos mais suave. Porém avassalador.
Em sua configuração mediana HMH, o monstro assume uma face mais pavorosa, aterrorizante e mais intensa. Seus pés se misturam, assumem texturas mistas, pés suados e grosseiros, tamanhos diferentes, veludo, velcro e borracha.
          Em diversas outras configurações, o monstro vai se transformando, evoluindo, regredindo, tendo posturas diferentes. Quando ele assume a configuração HHH, por exemplo, seu corpo se torna uma montanha de músculos e seus acessos de violência são ininterruptos. Há quem diga que não se pode contrariar o tal monstro, pois com a perda de dois pés ele se torna insustentável. 
          Seis é o nome do monstro. Esse monstro é um conjunto de 3 pares de pernas e braços, suor e prazer. É um monstro sem escrúpulos e de atitude. É um monstro que não causa nenhum dano, mesmo sendo considerado violento em várias configurações. Esse monstro é onipresente, ele sempre aparece quando três pessoas estão dispostas a praticá-lo.

domingo, 4 de setembro de 2011

Excitado (VideoTease)

Por Oaken

Na seção Video Tease, o Diários de Travesseiro trará letras de músicas de uma forma bem diferente. Esta é uma tradução para a letra de 'Aroused', de Tom Vek. Não em versos, mas transformada em texto. Abaixo você confere o clipe, que é sensacional.

ARTISTA: Tom Vek - MÚSICA: Aroused - ÁLBUM: Leisure Seizure
Download

        Você disse que apenas a última página será lida como a primeira. Agora você está observando os cantos e mostrando os primeiros sinais de amadurecimento. Não estou mais tentando ler você. Apenas folheando-me até o fim do último capítulo. Você parece excitado e desperto, você é a luz acesa.
        Você adormecerá novamente, mas nos seus sonhos estará preso sob elefantes na sala, sendo pisoteado pela manada em movimento. E você partiu nossos corações, mas eles não doem mais. Não doem. Você parece bem excitado e desperto, como a luz acesa.

domingo, 28 de agosto de 2011

Do Pó...


Por Oaken

Tirei minhas roupas velhas. Estavam me causando uma sensação ruim há algum tempo e todos à minha volta já haviam percebido que não mais me caíam bem. Eu sei que há conselhos que não se dá, não por serem inválidos, mas porque existem coisas que só mesmo a vida pode ensinar, e a minha me ensinou a me vestir.
Eu poderia dizer que é melhor andar sem roupas que andar com as que eu joguei fora. Só há pontos positivos nisso: elas serão encontradas por alguém em que elas servirão, e para tal pessoa, serão como novas; e, sem elas, o que há de melhor em mim (minhas tatuagens) estará exposto — ao menos até que eu encontre roupas novas. Mas eu não tenho pressa, pois sei escolher e vou procurar muito bem.
Já me disseram que eu estou melhor assim. Mas ao mesmo tempo em que os elogios me enrubescem as maçãs do rosto, sei que roupas novas podem valorizar muito mais a minha imagem. Porque as roupas são como as pessoas que conhecemos: servem muito bem em determinadas ocasiões, mas em outras, são completamente inadequadas. É claro que há aquelas que a gente não larga, que transpassam os tempos e que caem bem muito mais que as outras: Estas já fazem parte de mim. Já ajudam a compor o que eu sou.
Enquanto vou vivendo, vou adequando meu estilo a cada fase da minha vida, sem nunca me envergonhar, mas buscando sempre a evolução. Não importa quantas vezes eu precise renovar o meu guarda-roupas para isso, eu sempre quererei estar...
Bonito.

sábado, 27 de agosto de 2011

Recepção à Intrusão (por Oaken)



Assim como sob o reconhecimento do que se entende por nobre, alguém chega em sua montaria galante. O domínio é exercido com perfeição sobre uma selvageria inconsciente, que, aos urros de ferocidade, obedece com destreza e graça. Para atraindo atenção e causando comoção. O fervor das mentes ao redor a fantasiar aos milhares e sem culpa é denso a ponto de enrubescer o ar.
Diminui-se a velocidade da reprodução.
A face que surge sob uma proteção meramente física revela, como na maioria dos casos, uma bela boca além dos olhos — estes já têm nosso apreço desde o princípio. Uma cascata negra escorre como um manto à altura das costas e a mão desliza sugestivamente sobre o que a conecta ao que se quer ver. Como são rígidos os músculos que se contraem e dão uma volta por sobre a montaria! Esta, sem o peso, silencia.
Reproduz-se.
Olhos cuja libido se dá mais através do contexto que por qualquer outra razão vão de um lado a outro, não à procura de alguém, mas em busca da confirmação do efeito esperado causado por sua chegada. Todos desviam os olhares e, enquanto suas mentes recuperam o fôlego — forçadamente, fingem voltar a seus afazeres. Intenções são estranguladas.
Alheia a tudo isso, outra pessoa aguarda, vidrada na passagem do tempo, a chegada da cavalaria. Maldições secretas caem sobre ela como cinzas despejadas ao mar.
Para-se?

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Os Demônios dos Hábitos (por Oaken)



Às vezes as coisas acontecem de forma bastante diferente do que estamos acostumados. Você é diferente do que eu costumava ter. Você me recorda os lugares onde eu costumava ir, e como eu nunca estarei lá outra vez. O que você diz me faz lembrar a velha poesia que costumavam recitar para mim, e de como eu jamais as ouvirei novamente. Você me faz calar a boca me lembrando de que eu nunca mais cantarei certas canções. Porque nós temos uma relação tão madura e você a protege tão desesperadamente quanto um pirata enterra seu tesouro. É doentio de minha parte estar ligado a algo como uma consequência do que é certo. Eu não podia mais suportar ser apontado pelo que eu chamava de “minhas qualidades”, então você veio e se tornou meu escudo.
Ha-há! Agradeço por isso, mas...
Parece que eu cresci e me fortaleci à sua sombra, porque eu sinto que, agora, o que eu estou fazendo com você é o belo erro que eu tinha deixado para trás. Não diria que seremos os mesmos depois disso.
Quem poderia pedir mais que isso? Quem poderia ter mais?


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Free (por Oaken)



Em uma noite quente como esta, é provável que nada possa ser menos atraente que uma cama e os lençóis. Qualquer brisa que invada o quarto pela janela é um convite tentador a ganhar a escuridão lá fora e buscar o melhor que um céu estrelado tem a oferecer. Do lado de dentro, nada mais satisfaz e a crescente urgência que palpita nas veias não passa de uma consequência de instintos animalescos. Uma olhada nas chaves penduradas ao lado da porta fisga com admirável êxito uma mente assombrada pelo tiquetaquear dos relógios. Quando a única companhia são fantasmas por toda a casa, as almas vivas além de onde se deve estar se tornam bem menos assustadoras. Talvez seja por causa da lua, não importa. Apenas não dá pra ficar.



sábado, 6 de agosto de 2011

Disco Tease #01

O Diários de Travesseiro apresenta: DISCO TEASE - um projeto que vai trazer para nossos leitores todo mês uma compilação de músicas para momentos hot. Clique na imagem abaixo para fazer o download!


DISCO TEASE  01:
You Oughta Know - Alanis Morissette
Sex On Fire - Kings Of Leon
Glory Box - Portishead
Secret - Maroon 5
In The Next Room - Neon Trees


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Entorpecente (por Petit)




Fascina-me a maneira como seus lábios tomam forma ao tragá-lo para seu interior. Tão intuitivo cada vez que você expulsa o prazer.
Seu modo de contemplar tudo à sua volta enquanto segura entre seus dedos, toda a sensualidade etérea de um sex appeal devastador.
Deixa-me suspenso ao contemplar tua pele se movimentando ao levar um simples objeto, causando um estado febril que me impele a querer tomar o lugar dele. Soltar em sua boca a mesma fumaça que te inebria.
O ar me frustra por não ser dentro de mim que você deposita toda a libido que sai dos seus pulmões. É tão arrebatadora a maneira como você impõe seu braço ao tragar pela última vez, que meus sentidos despertam e me mostram a real beleza de um mero cigarro em contato com o que realmente importa.

sábado, 30 de julho de 2011

Algo Com Quatro Letras (por Oaken)



...Se bem que eu não me apaixonei por alguém que me deixava com borboletas no estômago, mas por quem as afugentou! Eu realmente gostava de quando ficava ouvindo o telefone chamando antes de ouvir a voz; gostava até mesmo do nervosismo que me dava só de discar o número da pessoa. No Messenger, eu me obrigava a escolher cuidadosamente as palavras, e quando finalmente apertava enter, tinha que esperar uma eternidade pela resposta. Esse tipo de coisa fazia com que eu não me sentisse nem um pouco especial.
Odeio admitir que eu não estivesse sendo excitante, principalmente por aquela ser a primeira vez que eu não conquistei alguém que me interessava. Não importava o que eu tentasse.
No caminho para os nossos encontros, eu sempre ficava inseguro com as minhas roupas, com meu cabelo, com meu perfume ou com quanto dinheiro eu estava levando. Coisas que, para uma pessoa normal, estariam ótimas. Mas aos meus olhos, até mesmo tudo não era o bastante. É claro que, ao contrário de mim, o menor e mais sutil gesto em resposta parecia artisticamente perfeito, me fazendo sentir como se eu estivesse em um filme romântico. E apenas isso já fazia valer à pena todos os meus esforços para estar ali, com a pessoa que era tudo o que eu queria.
Eu não tinha consciência, até nós terminarmos, de quanto aquela indiferença significava para mim. As palavras inconsequentes que eu costumava ouvir e toda a melancolia que preenchia meus dias sozinho em casa — esperando inutilmente o meu telefone tocar ou algum update online — tinham um significado muito mais profundo do que aparentavam. Não é que eu tenha me apaixonado por alguém que não gostasse de mim, mas eu estava completamente viciado no desafio que ter uma pessoa aparentemente inalcançável representava. E eu receio que perder isso possa ter o significado ambíguo de ser tanto um game over quanto um indício de que...
...Eu sempre vou querer mais.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Despertar De Um Sonho (por Oaken)



Então havia esse garoto que tinha um olhar de profundo desprezo para a maioria das coisas que, dada a época, tinham lá sua importância para determinadas camadas sociais. Esse mesmo olhar era dirigido, sobretudo, aos assuntos referentes ao que até então se conhece por um sentimento inominável. Considerando-se as condições visíveis do rapaz, a conveniência de relacionamentos curtos e infrutíferos fluía de maneira cômoda e, à primeira vista, invejável. A projeção de um reino de perfeição, que sobrepujava a todos que o cercavam como abelhas ao redor de uma flor mais colorida que perfumada, era como uma blindagem intransponível para tudo o que era de seu conhecimento. Até que o destino interveio. Avassalador como uma tempestade, um conjunto de todas as características subversivas — pelas quais um crescente interesse negligenciado aguardava em letargia no interior do garoto — surgiu do lugar menos esperado e, fazendo com que seus neurônios se digladiassem abrasadoramente, acossou-o o ego com o terrível dilema de escolher entre renegar a escultura de cristal que fizera de si próprio e descobrir, com frustrante resignação, que as coisas que mais temia e negava eram uma verdade cruel e aterradora.

A Flauta Amarga (por M. Corydon)




Tocando a esplendorosa canção erudita, a flauta parece gracejar.  Um sorriso de um brilho obnubilado, prateado, impolido nos revela um mistério. A flauta e seus sons agradáveis me lembram do amado que um dia partiu. Virou flauta doce, como no mito de Pã. E não foi por intermédio das ninfas que o transformaram em bambu, mas por seu orgulho e covardia por não saber viver. Parecia Arcadiano, arredio. O amado sucumbiu deixando para trás o herdeiro de Almatéia. Sento-me no chão gelado, te ponho em minhas mãos, depois entre os lábios ressecados pela ventania e as notas musicais me fazem orações e planos. A música é seu sussurro guardado na lembrança do dia em que me destes a constelação de capricórnio e eu te fiz meu. Ó homem que agora estás sob as nuvens, que mais nada teme e que nada mais vê, arrebata-te dos meus sopros, vire música, um solo traquejado e seja sempre meu. Ó homem covarde que nada mais vê, celebra o mal que me fizeste com um soneto e uma canção. Já não suporto a solidão, nem a música. Amargam! Teu gosto e tuas lembranças me amarguram, tirastes a própria vida e levaste consigo metade de mim. O que me resta de um lado: o vazio, do outro: o som, do tiro e das notas doces que sopram da tua amarga flauta.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Momentos Eternos (por Petit)




Meu ser é tocado pelo seu olhar
Submete minha imaginação a seus pensamentos
Tento desvendar suas várias máscaras
Fazendo-me supor algo recíproco

Meu cérebro canaliza energias em você
Desejo tua simples genialidade
E contemplo a janela da tua alma

A riqueza das suas palavras reais
Faz-me viajar nos contos e encantos
Que torna tua boca suculenta
E me deixa cair na platonicidade

Querer ter você em meu colo
Me faz pensar nos nossos poucos momentos
E que para mim são eternos

sábado, 4 de junho de 2011

Formatando Pensamentos (por M. Corydon)



      A indelével condição de escrever subjaz à prática do pensar primeiro. Já diziam, há alguns séculos atrás, digamos milênios, os precursores do ábaco, em números. Escrever é sinônimo de ter coragem de falar aquilo que não diríamos em hipótese alguma nas praças de toureiros ou até mesmo nos campos de futebol. Quem escreve, escreve algo para alguém, porém e, sobretudo para si, dentro do âmago, formando dois. Palavras desconexas são as inseguranças e confusões de um indivíduo cansado de formas. Palavras bem escritas foram atadas com cinturões de couro fino e fivela de aço. Escritores desconexos e palavras amarradas constituem a fabulosa fórmula da escrita hermética, daquilo que eu não sei do que se trata, mas sei o que quis dizer com tudo isso.
     Quem escreve, escreve porque já não há espaço para tantos pensamentos.



Através da Parede (por Oaken)



Meu coração já está batendo mais forte e mais rápido quando a porta se fecha atrás de mim. Encosto-me a ela e dou uma olhada no quarto vazio. Não queria estar aqui, definitivamente. Fecho os olhos e rapidamente sua imagem me vem à cabeça e, oh, minha respiração fica mais pesada. Sinto gotas de suor brotando por toda a minha pele. Levanto e começo a andar de um lado para o outro, lembrando-me de você, claro. Hoje você tinha me colocado contra a parede com seus olhos e lábios inquisidores, me deixando à mercê das minhas mentiras para poder lidar melhor com suas perguntas. Mais fácil assim, talvez. É até engraçado eu saber de tanta coisa que você faz e fingir que não me importo. Mais engraçado ainda é você fazer a mesma coisa.
Deixo-me cair sobre a cama e sinto o peso do meu corpo. Querendo sentir o peso do seu. No meio do meu conturbado silêncio eu ouço do seu quarto, seu corpo se movendo. Não sei o que você faz, nem se há alguém com você. Levanto-me quase automaticamente, provavelmente por instinto... Devo estar à beira da loucura, pois estou com o corpo colado à parede, eu quero ouvir mais, ter de você tudo o que eu posso através desta barreira. Meus dedos percorrem a superfície lisa, estou perdido em devaneios sobre a textura da sua pele. Mais suor, escorrendo do meu rosto e descendo pela minha camisa. A parede fica molhada ao meu toque. Eu de olhos fechados. Você do outro lado...
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